As minhas raízes
são do Alentejo mas, pelos acasos da vida, nasci e cresci entre as duas margens
do Tejo. Quando os meus pais casaram ficaram a morar ali, na outra margem, em
Samora Correia, porque o meu pai já trabalhava em Vila Franca de Xira. E, num
fim de tarde do mês de Julho de 1974 nasci eu, aqui mesmo em Vila Franca de
Xira. Era sexta-feira e a Festa do Colete Encarnado estava a começar. Um início
de vida completamente ribatejano. Apesar de viver em Samora, Vila Franca fez
sempre parte da minha vida. Era aqui que se vinha fazer compras porque havia
mais variedade e opções no comércio vila-franquense. Curiosamente, não era
habitual virmos ao Colete Encarnado mas a Feira de Outubro era imperdível.
Guardo gratas recordações das tardes de domingo passadas na Feira.
Como vinhamos cá
com frequência, um dos locais onde eu gostava sempre de ir era o Jardim
Constantino Palha. Fazia birra se não me levassem lá. Adorava ir ver os animais
que havia, antigamente, no jardim. Os meus preferidos eram os pavões. Ainda
hoje, o Jardim Constantino Palha é um dos meus lugares favoritos. Quando a
minha vida profissional me permite, vou até lá e sento-me, virada para o Tejo,
com um bom livro por companhia.
Quando acabei o
curso de Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade de
Lisboa, tive a felicidade de vir estagiar para a minha farmácia preferida de
Vila Franca de Xira onde comecei a trabalhar, efectivamente, alguns meses mais
tarde. Cá continuo, 17 anos depois. A teoria aprendi em Lisboa, sim, mas foi
aqui que me fiz farmacêutica.
É um privilégio
fazer o trajecto para o emprego através da lezíria, atravessar a ponte e
encontrar uma cidade luminosa. Esta terra faz parte de mim tanto quanto eu faço
parte dela. As gentes de Vila Franca são as minhas gentes. Depois de tantos
anos, já sou mais desta margem do Tejo.
E nós gostamos muito de tê-la por cá!
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