sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Cuidado com os antibióticos


Por Sónia Teles*

O uso racional dos antibióticos tem estado na ordem do dia. Esta ferramenta terapêutica destina-se, apenas, a infeções bacterianas. Aqui reside a principal lacuna de informação na população em geral. Segundo dados recentes do Eurobarómetro, 60 por cento dos portugueses acreditam que os antibióticos atuam sobre os vírus e 50 por cento acham que as gripes e constipações se tratam com antibióticos. Estas convicções erradas levam os doentes a exercer pressão sobre os vários profissionais de saúde para a prescrição e dispensa de antibióticos quando apresentam sintomas destas patologias. É preciso usá-los de forma racional. Em Portugal, a situação até tem evoluído. Porém, ainda há muito a melhorar. Fala-se da resistência aos antibióticos, principalmente a nível hospitalar, onde aparecem infeções multirresistentes. Resistência é o fenómeno que ocorre quando as bactérias deixam de responder a um antibiótico antes eficaz. As bactérias é que são resistentes aos antibióticos e não os doentes. Estes podem ser portadores de um tipo de bactérias resistentes, podendo transmitir essas bactérias aos outros. Como o desenvolvimento de novos antibióticos é lento, a melhor maneira de prevenir as resistências é a correcta utilização dos antibióticos. É essencial tomá-los apenas quando forem prescritos; as doses e o intervalo devem ser respeitados; o tratamento deve ser feito até ao fim, mesmo quando há melhoria dos sintomas; e nunca se deve voltar a tomar um antibiótico que sobrou do passado.
Cada um de nós tem um importante papel a desempenhar neste assunto, quer sejamos médicos, farmacêuticos ou doentes.

*farmacêutica e escreve na revista gira.

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